060. HISTÓRIA DA LOUCURA E DA PSIQUIATRIA |
Coordenadores: ANA TERESA ACATAUASSÚ VENANCIO (Doutor(a) - Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz), YONISSA MARMITT WADI (Doutor(a) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE) |
Resumo: Este simpósio pretende dar continuidade à troca
intelectual já levada a efeito no XXVI Simpósio Nacional de História (São Paulo,
2011), no XV Encontro Regional de História (Rio de Janeiro, 2012) e no XIII
Encontro Regional de História (Paraná, 2012). Mantemos como objetivo a reunião
de especialistas em uma área em franco desenvolvimento e processo de
consolidação na historiografia: a história da loucura e da psiquiatria.
Compreende-se como “história da loucura e da psiquiatria” um conjunto de
discussões e pesquisas desenvolvidas a partir do tema central da loucura,
tratada em temporalidades e espacialidades diversas. Estas análises, realizadas
a partir de diferentes perspectivas teóricas e metodológicas e mesmo em áreas de
conhecimento diversas (como Ciências da Saúde e Ciências Humanas), tem se
desdobrado em problemáticas tais como a própria constituição histórica dos
conceitos (loucura / doença mental / saúde mental), suas relações com a
configuração da ciência psiquiátrica, a constituição de instituições, aparatos e
políticas de assistência, as experiências dos sujeitos com a doença e mesmo as
concepções de humano que se produzem a partir do físico, do mental e do moral.
Propõe-se assim, neste simpósio, reunir trabalhos nos seguintes eixos temáticos:
a) Instituições psiquiátricas e contextos nacionais; b) Psiquiatria,
criminologia e biodeterminismos; c) Psicopatologia, diagnóstico e classificação
da diferença; d) Loucura e gênero; e) Narrativas da loucura; f) Fontes de
pesquisa.
Justificativa: O campo da história da loucura e da psiquiatria
no Brasil, assim como em outros países tem como um de seus marcos importantes os
trabalhos desenvolvidos a partir da década de 1970, inspirados na literatura
crítica contemporânea. Trata-se de textos marcados por uma revisão e ruptura em
relação ao modo idealizado como esta história vinha sendo escrita pelos
“pioneiros”, conformando-se um novo fazer historiográfico tanto do ponto de
vista da filiação teórica – maciçamente inspirada em Michel Foucault – quanto do
ponto de vista da eleição de novas fontes. A produção em torno da temática
cresceu de modo expressivo, observando-se, nos últimos vinte anos, uma certa
revisão dessa linha de pesquisa. São estudos que articularam a questão da
temporalidade à dimensão da cultura na qual o mundo da ciência também está
inserido, produzindo abordagens centradas na história cultural, na micro
história e, em grande parte, no diálogo com a antropologia. É o intercâmbio
entre essa produção intelectual que anima esta área temática, que pode ser
visualizada por intermédio dos trabalhos desenvolvidos em programas de
pós-graduação em história, antropologia, sociologia, psicologia e na própria
medicina, das publicações em periódicos e das apresentações em congressos
científicos, agregando um crescente e diversificado universo de pesquisas e
pesquisadores interessados em compreender, discutir e comparar as formas como
diferentes sociedades se defrontam, entendem e lidam com a problemática da
loucura. Neste sentido, propõe-se neste simpósio discutir questões correlatas ao
campo referido, através de eixos como: a) Instituições psiquiátricas e contextos
nacionais: discussões sobre como, em diferentes períodos, instituições
psiquiátricas estiveram articuladas à historia política de seus respectivos
países, participando da construção de representações sociais, do desenvolvimento
do Estado e das políticas públicas para a área da saúde e da saúde mental, bem
como sobre a concorrência e conflitos entre a psiquiatria e outras práticas de
cura; (b) Psiquiatria, criminologia e biodeterminismos: debates sobre o modo
como saberes e práticas médico-psiquiátricos conviveram com teorias de cunho
biológico – como a eugenia, a teoria lombrosiana, a frenologia – interagindo com
diferentes campos de saberes – como a criminologia, o direito, a pediatria – e
produzindo representações especificas sobre o estatuto do físico, do mental e do
moral para o humano; (c) Psicopatologia, diagnóstico e classificação da
diferença: discussão de pesquisas sobre diagnósticos psiquiátricos em voga em
diferentes períodos históricos, abordando tanto aspectos de uma história
conceitual quanto a relação dinâmica dos conceitos psiquiátricos com os
contextos culturais, marcados por valores, representações e práticas relativas à
loucura; (d) Loucura e gênero: debates sobre as correlações entre produção da
doença mental – incluindo-se diagnósticos específicos – e o estatuto do gênero
dos atores sociais, considerando as relações entre o estatuto de gênero de quem
produz um certo discurso (como o discurso médico) e de quem é objeto deste, bem
como as diferenças que esses discursos produziram no que se refere à loucura em
homens e em mulheres; (e) Narrativas da loucura: discussões sobre as diferentes
manifestações discursivas e expressões narrativas (literatura, cinema,
escrituras ordinárias, falas, prontuários, expressões artísticas e simbólicas)
de diferentes sujeitos (especialmente os considerados loucos) e suas
representações do universo institucional, do saber, das vidas individuais, etc.;
(f) Fontes de pesquisa: discussões sobre o uso de diferentes tipos de fontes, o
acesso e preservação dos acervos documentais existentes, e suas possibilidades e
limites para a pesquisa neste campo. Acreditamos, assim, que a realização do
XXVII SNH será uma nova oportunidade para fomentarmos o interesse e reunirmos a
produção resultante de pesquisas no campo referido, produzidas em diversas
regiões brasileiras.
Bibliografia:
CARRARA, S. Crime e Loucura:
o aparecimento do manicômio judiciário na passagem do século. Rio de Janeiro:
Eduerj; Edusp, 1998.
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ENGEL, M. G. Os Delírios da Razão: médicos, loucos e hospícios (Rio de Janeiro, 1830-1930). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.
FOUCAULT, M. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.
GAUCHET, M. ; SWAIN, G. La pratique de l’esprit humain. L’institution asilaire e la révolution démocratique. Paris: Éditions Gallimard, 1980.
HUERTAS, R. Historia de la Psiquiatria, ¿Por qué?, ¿Para qué? Tradiciones Historiográficas y Nuevas Tendências. Frenia,, Madrid, v. I, n.1, p.9-36, 2001.
HUERTAS, R. História cultural de la psiquiatria. Madrid: Catarata, 2012.
MACHADO, R. A Danação da Norma. Medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1978.
PORTER, R. História social da loucura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.
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VENANCIO, A. T. A.; CASSILIA, J. A. P. A doença mental como tema: uma análise dos estudos no Brasil. Espaço Plural (Unioeste) n. 22, p.24-34, 1. sem. 2010.
VENANCIO, A. T. A. Da colônia agrícola ao hospital-colônia: configurações para a assistência psiquiátrica no Brasil na primeira metade do século XX. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 18, supl. 1, p. 35-52, 2011.
WADI, Y. M.; SANTOS, N. M. W. História e loucura: saberes, práticas e narrativas. Uberlândia: EDUFU, 2010.
WADI, Y. M. Entre muros: os loucos contam o hospício. Topoi, v.12, p.250-269, 2011.
LINK PARA INSCRIÇÕES:
http://www.snh2013.anpuh.org/simposio/view?ID_SIMPOSIO=1084
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LINK PARA INSCRIÇÕES:
http://www.snh2013.anpuh.org/simposio/view?ID_SIMPOSIO=1084
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